1 - Quanto ao comentário da Sónia. O facto de eu tanto escrever em português como em inglês deve-se simplesmente a eu gostar de o fazer. É-me complicado escrever num só idioma.

2 -

Uma hora não existe sem dois minutos que a determinem.

Sentaram-se. De costas para a cidade. Voltados para eles próprios. Fecham os olhos à correria anónima que os atropela. Não a sentem. Não a querem sentir.
Marco morreu recentemente. Não é isso que acontece a quem perde a vida? Pois bem, era isso que chamava a Laura. “Ela é a minha vida”, dizia o jovem a quem a olhava. E os olhares eram muitos. O sorriso tímido – sempre em direcção ao chão - de Laura centravam as atenções de quem a cumprimentava. Um olhar de relance fora tudo o que bastara a Marco para se entregar à mulher que trabalhava – e ainda trabalha - na livraria do bairro onde mora. Ainda se lembra das colecções de livros que fazia só para poder sentir a suavidade do troco na mão de Laura.
Daniel é infeliz. Parece feliz. Acredita que a felicidade não existe e, a existir, não dura. Por isso, não a procura. Espera que ela chegue. Que tombe de um qualquer avião que o sobrevoa e aterre em suas mãos.

Estão sentados num muro.
- Que horas são? – Pergunta Marco, com os olhos no telemóvel. – Tenho esta merda sem bateria.
Daniel não respondeu. Pelo menos à pergunta que Marco lhe colocou.
- A culpa não foi tua.
Marco respirou fundo. Preparando-se para a vã e escusada empatia das palavras de conforto que se iriam seguir.
Escutou-as cabisbaixo:
- Não foi de ninguém. São coisas que acontecem. A vida é mesmo assim. As pessoas mudam. As coisas começam e acabam. Não pioram, não melhoram: mudam.
- Evoluem?
- Mudam!

Querem mais? Não pois não? :b .